Abaixo o falso moralismo!!!!
Tudo bem... tudo bem... eu disse que não ia me pronunciar em relação às peripécias sexuais da Cicarelli, mas diante desse texto só me resta aplaudir! Quem é que nunca "deu umazinha" no carro, um amasso mais caliente no elevador ou não se incomodou com a janela aberta (ôoooooo)?!?! Pelamordedeus, né minha gente!!!! O que tem que ser achincalhado mesmo é a valorização que todo mundo tá tando pro vídeo... sem notar que o pornográfico é o olhar "curioso" de cada um... Que atire a primeira pedra, pleeeeeeeeeeease!!!! Bjs a todos.
Tesão e preconceito (de Ruth de Aquino - Jornal O Globo, 27/10/06)
"Por que, num ritual sexual consentido entre um homem e uma mulher, namorados legítimos, ele é garanhão, e ela é oferecida? Ele é o macho competente, e ela é a fêmea vadia? Ele é o gostosão do pedaço, e ela é gostosa, mas fácil demais? Ele fez o que tinha que fazer (se não, seria gay), e ela fez o que não deveria fazer (se fosse uma moça direita)? Nunca simpatizei nem antipatizei com Daniella Cicarelli. Nunca me interessei pelo que ela faz ou deixa de fazer, na televisão, na passarela ou na vida real. Foi estranho quando ela se casou com Ronaldo, tudo parecia meio artificial, e a achei boba quando virou a bruxa do castelo de Chantilly. Daniella não tinha ocupado até então mais do que 15 minutos de meu pensamento. Mas, desde que a lente poderosa de um paparazzo profissional exibiu a moça na internet em beijos de língua, sarros e suposta transa aquática com o namorado no Mediterrâneo, não pude mais ignorá-la. Ninguém pôde.
Não vou entrar no mérito moral e tentar definir quais são os limites do amor diante de todos. Tampouco vou discutir como as celebridades devem pautar suas vidas... Não tenho autoridade para isso. Só sei que eu me choco muito quando vejo alguém jogando lixo na areia ou levando um pitbull à praia, ainda mais sem focinheira. Fico indignada! Não me choco quando percebo um casal entretido em carícias tórridas, alheio a tudo à sua volta. Costumo olhar para outro lado. Se eu estiver apaixonada, eu me solidarizo. Se não estiver, sinto uma ponta de inveja boa ou nostalgia. Cada pessoa constrói sua vida de acordo com seus valores, sua educação.
De todo o besteirol-pós-vídeo-erótico, o que mais me estarreceu na última semana foi como a sociedade enxergou de maneira diferente o executivo Renato Malzoni, o Tato, 33 anos, do Banco Merrill Lynch, e a apresentadora da MTV Daniella Cicarelli, 27 anos. Eles estão namorando desde julho e ficam grudados o tempo todo no vídeo de quatro minutos, em beijos e amassos. Num certo momento, o casal se afasta dos amigos para um trecho mais deserto da praia. Tato pega Dani por trás e a manuseia, mão dentro do biquíni... ela corresponde na mesma moeda, como tantas mulheres livres e desinibidas fazem, quando pensam não haver ninguém por perto.
Por que, então, Daniella teria que ser mais "punida" e achincalhada do que o namorado? Ah, sim, porque ela é uma celebridade e vive da imagem. Ora, o Ronaldinho Gaúcho supostamente teria feito várias estripulias sexuais durante a Copa e não sofreu qualquer linchamento moral; a mídia e os brasileiros só reclamaram de ele ter confundido os gramados e ter desperdiçado energia em vez de fazer o que o país esperava dele: jogar bola.
Cicarelli é musa de adolescentes e sempre se fez de moleca. Malzoni, o namorado, costuma envergar terno para discutir negócios no mercado financeiro no Brasil, em Nova York, na Europa. Imagem por imagem... a função dele exige um decoro impecável. Um executivo de um banco de investimentos do porte do Merrill Lynch precisa passar uma imagem de extrema seriedade e discrição. Muito mais do que a apresentadora de um programa chamado "Beija Sapo" em canal fechado de TV. Não estou aqui advogando que se crucifique o executivo e herdeiro paulista, por ter amado sua bela numa praia espanhola. Mas não consigo entender, a não ser à luz de uma discriminação sexista absurda para um país ocidental, no século XXI, que ele seja poupado e Daniella vire a Geni da história. Como se tivesse atacado um rapazola indefeso ou fosse uma adúltera.
O casal, unido, abriu processos por uso indevido de imagem e danos morais. Bobagem. Se isso tivesse acontecido com Leila Diniz, ela ia rir do jeito que só ela ria, soltaria um palavrão, e não se faria de santa. Santas nós não somos, felizmente. Leila morreu cedo demais, antes de conseguir mudar essa mentalidade tosca que aplaude o tesão masculino e chama de vagabunda a mulher que expressa prazer."
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